Raymond Abellio, filósofo e escritor

Breve biografia de Abellio

Raymond Abellio nasceu em 1907, sob o nome de Georges Soulès, em Toulouse, no subúrbio de Minimes, uma família pobre de origem pirenaica. A aldeia Ariège de Seix (foto abaixo), berço da sua família materna, terá um papel importante na infância e juventude de Georges Soulès. Criança introvertida e frágil, precoce e estudiosa, brilhante na Escola, ele foi notado por seus professores e prossegue como bolseiro estudos liceais que irão levá-lo a preparar o concurso à École Polytechnique de Paris, onde foi recebido em 1927. A formação científica, especialmente matemática, aí obtida, implantará nele uma exigência de rigor e precisão que caracterizará mais tarde sua abordagem da filosofia e das tradições ditas esotéricas.

Durante os anos de sua permanência na Politécnica, George Soulès encontra-se dividido entre a sua herança católica religiosa - o que nele se traduz por uma aspiração mística - e o despertar para uma consciência política revolucionária, que nele floresceu durante os seus anos de jovem engenheiro Pontes e Estradas. Militante da ala esquerdista do Partido Socialista na década de 1930, Soulès desenvolveu então o talento de orador e aprofundou a sua formação marxista, que mais tarde (quando dela se libertar) identificará como uma espécie de ciência do mundo social.

Em 1936, foi nomeado pelo governo de Léon Blum encarregado de missão aos Grands Travaux. Mobilizado a partir do início da guerra 1939-1945, ele foi capturado, o que o levou a meditar sobre a situação geopolítica europeia criada pela vitória da Alemanha de Hitler e pelo seu jogo de sombra com a URSS de Estaline. Libertado no início de 1941, de novo deixou-se tentar pela ação política, procurando escapar da dialética dos poderes desse tempo, circunstância que culminará na acusação de colaboração, em 1944-45, após a libertação.

A sua vida havia no entanto mudado em 1943, quando ele conheceu Pierre de Combas, um esoterista, que o levou a tomar consciência da futilidade da ação política, e nele provocou um questionamento radical de si mesmo, tendo abandonado toda a ação política, para se consagrar ao conhecimento: guiado por Combas, Soulès mergulhou no estudo de tradições, ao mesmo tempo que começou a explorar uma filosofia mais convencional, a fenomenologia de Husserl, que passou a desempenha um papel proeminente no seu pensamento e na sua vida. A exigência de síntese e de rigor aplica-se a esses trabalhos que poderiam tê-lo levado a criar um sincretismo, mas contrariamente orientaram-no para uma visão unificadora original dos vários mundos do espírito, da fé, da religião, da intuição e da racionalidade. Segundo ele, essa visão é uma gnose que deve ser tanto um processo intelectual como uma transcendência vivenciada.

Forçado a viver clandestinamente e, em seguida, a partir para o exílio na Suíça, George Soulès lançou as bases da sua abordagem filosófica ao escrever o seu primeiro romance: Heureux les Pacifiques, publicado sob o pseudónimo que ele escolheu: Raymond Abellio. Branqueado pelo tribunal das acusações de colaboração, graças ao testemunho de resistentes, voltou a França em 1953, e passou a dividir a sua vida entre a escrita e a profissão de engenheiro consultor.

Raymond Abellio publica em 1965 a sua publicação filosófica fundamental, La Structure Absolue (Gallimard), e desenvolve a sua obra em romances, ensaios e uma peça de teatro, até à sua morte em 1986.

Abellio está enterrado no cemitério de Auteuil, em Paris.